Desde tempos imemoriais, o subsolo tem sido usado como lugar ideal para estocar vinho em diversas partes do mundo. Ausência de luz, baixas temperaturas e umidade constante fazem com que a bebida não só mantenha a qualidade da uva, mas também melhore em sabor e aroma, pelo processo do envelhecimento. No entanto, alguns produtores na França e no Chile parecem ter encontrado um lugar muito melhor para guardar seus vinhos: o fundo do mar.
Em junho desse ano, mergulhadores depositaram dezenas de garrafas de Roederer Brut Premier nas areias submersas da baía de Saint-Malo, noroeste da França. Depois de um ano, o Champagne submarino será analisado e comparado ao que ficou repousando nas adegas tradicionais. Os produtores acreditam que a baía de Saint-Malo - uma das regiões mais visitadas no país, devido ao Mont Saint-Michel (leia mais na página 32) – é uma adega perfeita. Aos 15 metros de profundidade, a temperatura é constante (10° C), as corrente e marés balançam levemente as garrafas e a luz é bastante reduzida. A degustação já está marcada para junho do ano que vem.Apesar de ser a primeira vez que tal experimento é feito com Champagne, a idéia de usar o mar como adega não é novidade. Em 2002, Yannick Heude, dono da Cave de l’Abbaye Saint-Jean, começou a experiência de submergir garrafas de vinho na baía de Saint-Malo. Em termos de temperatura, umidade e luz, Heude não tinha dúvidas de que o mar seria uma excelente adega. “O que nós não podíamos prever era o efeito das fortes marés e das correntes (a 15 km/h), que massageiam as garrafas duas vezes ao dia”, explica. Em 2007, 600 garrafas de vinho (metade tinto e metade branco) foram resgatadas do fundo da baía, depois de um ano de repouso em engradados de madeira. Além de Heude, produtores de vinhos da região do Loire, como Christophe Daviaud, estiveram presentes na degustação às cegas que se seguiu. Para Daviaud, responsável pelos Anjou Village de Brissac-Quincé usados na experiência, os brancos apresentaram aromas de carvalho mais óbvios, enquanto que os tintos evoluíram mais lentamente, em comparação aos não-submersos. Yannick Heude conclui: “O processo de envelhecimento é certamente diferente. Parece que depois de um ano, o vinho sai do mar rejuvenecido, com aromas e sabores mais arredondados. Não há dúvidas que o fenômeno das marés tem um papel importante nesses resultados”.Já na região de Jura, experiências similares estão sendo feitas numa “adega de água doce”. O Lago de Vouglans, criado em 1968 após a submersão da vila medieval que levava o mesmo nome, deu origem a uma das maiores hidrelétricas da França. Ao contrário do que está sendo feito em Saint-Malo, Henri Maire, maior produtor da região, quer analisar os efeitos das águas do lago sobre o amadurecimento do vinho a longo prazo. Em maio desse ano, 276 garrafas de vinho de Arbois foram depositadas na parte mais funda do lago (60 m), entre os escombros de uma antiga abadia. As primeiras 24 garrafas só serão resgatadas em 20 anos. Até lá, ficarão sob os efeitos de pressão sete vezes maior que em condições atmosféricas, temperatura estável de 4° C, total ausência de luz e pouquíssimo movimento. Marie Christine Tarby Maire, representante da Henri Maire, explica que resultados posteriores serão analisados por outras gerações: “As garrafas restantes virão a tona em 40, 60 e 80 anos.”
Produtor: Louis Roederer
Tipo: Espumante - Champagne
Região: Champagne
País: França
Uvas: Pinot Noir(40%), Chardonnay(40%) e Pinot Meunier(20%).
Graduação Alcoólica: 12%
Envelhecimento: Vinho base amadurece 12 meses em barrica
Tipo: Espumante - Champagne
Região: Champagne
País: França
Uvas: Pinot Noir(40%), Chardonnay(40%) e Pinot Meunier(20%).
Graduação Alcoólica: 12%
Envelhecimento: Vinho base amadurece 12 meses em barrica