13 abril 2012

Protesto contra o Salvaguarda



O restaurante Amadeus, de Belo Horizonte, inovou na forma de protestar contra a possível aplicação de uma salvaguarda para o vinho brasileiro. Agora, quem pede um dos mais de três mil rótulos que a casa possui na carta, recebe a garrafa envolta em uma espécie de capa que contém os seguintes dizeres:
“Ao consumir vinho nacional você ajuda a restringir sua liberdade de escolha. Enquanto aprimoramos nossos serviços e reduzimos nossas margens, a indústria vinícola nacional preocupa-se em impor mais barreiras ao produto importado, tornando mais caro o que já era o mais caro do mundo. Diga não ao protecionismo. Não consuma vinhos brasileiros”.
O pedido de salvaguarda foi protocolado junto ao MDIC por diversas entidades representativas do meio vinícola nacional. Mas entre os próprios produtores não há consenso sobre a necessidade de medida tão extrema. Várias vinícolas já manifestaram-se contra a salvaguarda, tais como Adolfo Lona, Angheben, Antonio Dias, Cave Geisse, Chandon, Don Abel, Maximo Boschi, Salton, Vallontano, Valmarino e Villagio Grando, entre outras.
Um abaixo-assinado contra a medida circula na net e beira as dez mil assinaturas. Um boicote ganha força em diversos restaurantes e lojas de vinho por todo o país. Chefs de renome como Roberta Sudbrack, Claude Troisgros, Rolland Villard, Alex Atala e Felipe Bronze já aderiram ao boicote. Restaurantes como Fasano, Aprazível, Mr. Lam, Duo, Bottega di Vino, Tasca da Esquina e muitos outros em cidades como Rio, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Salvador decidiram parar de comprar vinhos de vinícolas que não se manifestem contrárias à salvaguarda.
Pressionado por produtores gaúchos – que temem o efeito devastador que um boicote pode provocar – o Ibravin lançou nota defendendo a salvaguarda e minimizou e repudiou os protestos. “O boicote, na verdade, sempre ocorreu, só que de forma velada. Agora, pelo menos, está escancarado”, afirmou em nota, o diretor-executivo do Ibravin, Carlos Paviani. “É interessante notar que os poucos restaurantes que anunciam o boicote e até mesmo algumas lojas de vinhos confessam que trabalhavam com menos de 5% de vinhos brasileiros”, completou.

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